VOLTAR

Aprendizagem Baseada em Competências

Focada em atividades práticas e experiências reais, evento será totalmente presencial e para todos nesta quinta, dia 28 de outubro

Fausto Fava de Almeida Camargo

Professor e Coordenador do curso de Administração da UniAmérica

“Educar significa enriquecer as coisas de significado”

(John Dewey, 1859-1952).

A educação vem passando por inúmeras transformações nas últimas décadas. Isso decorre não apenas da aceleração da transformação digital, mas também, das insatisfações relatadas em experiências de professores e de estudantes, levando-nos a repensar toda a experiência do aprender, de modo a tornar a aprendizagem significativa para o estudante.

A internet virou um grande repositório de informações, em que se encontram vídeos, textos, infográficos, ou seja, materiais ou conteúdos disponíveis na palma da mão do estudante. Porém, disponibilizar conteúdo é diferente de aprender a usá-lo e dar significado a este.

Harari (2028) em “21 lições para o século 21”, menciona que a última coisa que o aluno precisa, atualmente, de um professor é informação. Em vez disso, é necessário ajudá-lo a desenvolver capacidade para extrair significado da informação, perceber diferenças, similaridades e aquilo que é pertinente para, por exemplo, a solução de problemas cotidianos. Em outras palavras, é imprescindível que os estudantes desenvolvam inúmeras competências, como aquelas aventadas no Fórum Econômico Mundial, como a resolução de problemas complexos, o pensamento crítico, a criatividade, inteligência emocional, entre tantas outras.

O termo competência é abordado em diversas áreas do conhecimento. Perrenoud (2013) lembra que na ciência da educação e na ciência do trabalho, é possível identificar consenso em torno da definição da palavra. Nessa perspectiva, ela se refere ao poder de agir com eficácia em uma determinada situação, mobilizando e combinando, recursos intelectuais e emocionais.

Zabala (2020) complementa ao mencionar que na aprendizagem baseada em competências são planejadas e desenvolvidas ações nas quais devem ser mobilizados, ao mesmo tempo e de maneira inter relacionada, componentes conceituais, procedimentais e atitudinais.

Componentes da Competência (Zabala, 2020)

A competência pode ser compreendida como o poder de agir com eficácia em uma determinada situação, mobilizando e combinando, em tempo real, recursos intelectuais e emocionais. Pode também ser considerada como a capacidade de resolver problemas em qualquer situação, ou ainda, em situações novas ou em diferentes contextos. Na escola ou no ensino superior, a aplicação, lembra Zabala (2020), é a mesma, “ao entendermos que a sua função é preparar os alunos para responder a situações que possam surgir no futuro”.

Nessa perspectiva, desenvolve-se aptidões se:

mobilizar e combinar diversos recursos: saberes (conhecimento), habilidades (capacidades) e atitudes;

apropriar-se de novos recursos intelectuais (saberes), habilidades e atitudes, a partir do desenvolvimento de atividades ou da construção de artefatos do saber, resultantes da ação humana (saber-fazer), a partir de uma situação problema que exige uma intervenção para resolvê-la.

Os componentes conceituais, procedimentais e atitudinais estão presentes em qualquer coisa que aprendemos. Esses três grupos são indissociáveis, apesar de, tradicionalmente, o ensino ter sido concentrado no conteúdo.

A jornada do estudante deve levá-lo ao final ao saber-fazer, ou seja, a aplicação de conhecimentos transformando-o em um agente de transformação na sociedade. Competência refere-se à capacidade de colocar em prática determinado conhecimento.

A característica de “saber fazer” é diferente do “fazer porque sim”. A realização de ações e de exercícios de reflexão sobre a própria atividade e de aplicação em contextos diferenciados evidencia e torna claro o aprendizado significativo. Ao mesmo tempo, o “saber fazer” não se diferencia do “praticismo”.

A aprendizagem baseada em competências deve contemplar situações educativas nas quais se ajuda a ver o sentido naquilo que se realiza, nas quais os professores mostram como se deve fazer, auxiliando os estudantes para que dominem os conteúdos e procedimentos de forma autônoma e independente (atitude).

Neste sentido, ao mobilizar também as atitudes na aprendizagem, nos referimos aos princípios, valores, normas, condutas e padrões de comportamentos, que determinada situação problema possa exigir para sua solução, como o trabalho em equipe, solidariedade, ética, autonomia e proatividade.

O ensino por competências implica na necessidade de o estudante realizar, ao final, de modo autônomo e independente a habilidade aprendida, ou seja, deve mostrar seu domínio naquilo que foi ensinado.

Diferentes métodos dessas aptidões na educação podem ser aplicados, como a aprendizagem por projetos (ABPr), a aprendizagem por problemas (PBL), a aprendizagem baseada em desafios, entre outros. O desafio ao docente reside em combinar competências, métodos de ensino e estratégias ativas de aprendizagem, articulando com determinado problema do cotidiano do estudante. A aprendizagem contextualizada, vivencial, tende a ser mais significativa e efetiva, indo ao encontro do desenvolvimento de competências.

Mais notícias