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18.05.2021   |   #Saúde

A pandemia e a compulsão alimentar

Nice Coimbra

Psicóloga, especialista em dependência e compulsão

O isolamento social ocasionado pela pandemia trouxe consigo medo, ansiedade, frustração, estresse, oscilações de humor, dentre outras consequências psicológicas. Na prática clínica é notório que diversas pessoas têm recorrido à comida como forma de compensar o mal-estar. Inicialmente, a resposta comportamental é de alívio. E é aí que mora o problema.

Comer faz parte da nossa existência e está relacionada ainda com aspectos culturais e de socialização. Uma vez restritas em casa, privadas e sem contato direto com relacionamentos significativos, as pessoas acabam cedendo ao desejo repetitivo de comer. Porque comer, para além de alimentar, também gera sensação de bem-estar e ativa o centro cerebral ligado ao prazer.

Nesse sentido, quando repetida várias vezes a resposta alimentar acaba sendo condicionada e reforça o mecanismo de busca pela comida. Em seguida, a pessoa começa a apresentar sentimento de culpa, arrependimento e mais frustrações. Contudo, para fugir desse mal-estar a pessoa volta a comer novamente, tal comportamento torna-se cíclico e dá-se início aos primeiros sintomas da compulsão alimentar que são similares ao de outros transtornos compulsivos, tais como Transtornos por Uso de Substâncias: fissura, tolerância, abstinência, padrões de uso compulsivo e envolvimento dos mesmos sistemas neurais.

A Compulsão Alimentar faz parte dos Transtornos Alimentares e é caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar, sensação de falta de controle. Associados a: comer mais rápido que o normal; comer até se sentir desconfortavelmente cheio; comer grandes quantidades na ausência de fome, comer sozinho por vergonha do quanto está comendo, sentir culpa e sofrimento significativos. Um fato interessante é que algumas pessoas acreditam que a obesidade seja um transtorno alimentar. Mas não.

A obesidade é resultado processo prolongado de ingestão energética em relação ao gasto energético. Fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais e ambientais que variam entre os indivíduos contribuem para o desenvolvimento da obesidade. Desse modo, não é considerada um transtorno mental. Porém, existem associações entre a obesidade e os transtornos mentais, tais como o Transtorno por Compulsão Alimentar.

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